Último isso,último aquilo.

Perceber que tudo agora passa a levar o título de "último" muda completamente a percepção do tempo.
Talvez nem tudo tenha sido como esperado,mas talvez tenha sido como deveria ser.E talvez um pouco de conformismo não faça mal,porque chega uma hora que você cansa de brigar com o mundo.Vê que todas aquelas madrugadas regadas à cafeína e milhares de exercícios de matérias absurdas valeram a pena,todas as tardes passadas com a cabeça mergulhada nas apostilas do cursinho também valeram a pena,por todas as risadas,por todos os momentos,por tantas dúvidas...

E ao olhar para tudo o que passou ali,vê que vai sentir muita falta,coisa que nunca imaginou que sentiria.

"Que grande teatro!"

Sinto falta dos nossos planos,falta do nosso futuro brilhante,falta de todo aquele otimismo.
Mas eu me pergunto se tudo aquilo não foi apenas um grande teatro,se todos ali não estiveram fingindo todo o tempo,se tudo aquilo não passou apenas de uma mentira.

Sanitarium.

"Sleep my friend and you will see
that dream is my reality
They keep me locked up in this cage
can't they see it's why my brain says Rage"

Somos todos loucos na verdade.Pode parecer clichê,mas eu realmente não sei o que seria de mim sem vocês.Talvez não estaríamos aqui se não fosse a música e as mais outras tantas coisas em comum que encontramos através dela.E quem diria que estaríamos aqui agora,hein?Há três anos atrás nem nos falávamos,mas de repente,nada nem ninguém nos separa mais,nem o tempo,nem a distância.

"o maior bem que consegui através da música: as amizades para toda a vida." (frase daqui)

É.

Pessoas não mudam.(In)Felizmente.

Ócio criativo.

Caderno aberto em cima da cama,canetas espalhadas,música e fotos coladas na parede.Preciso escrever...mas não consigo.As palavras entalam na garganta e o papel continua em branco.Dessa vez nem CD da Janis Joplin ajuda.Estou ficando preocupada.Maldito o dia que eu fui olhar nos seus olhos,maldito o dia em que eu fingi ter coragem...

Excesso de palavras e falta de nexo.

E na medida que os momentos viram lembranças e se aproximam da memória,eles acabam se distanciando do presente e fazem com que o passado pareça tão antigo,que a nostalgia constante caminha na sutil diferença entre o doce dos momentos e o amargo da saudade.

A sensação de que algo poderia ter sido diferente se isso e aquilo tivessem sido feitos,a esperança,a realidade ilusória e a loucura dos sonhos eram sabores que a acompanhavam constantemente.

Tudo foi longe demais e com isso,a perda de controle é mera consequência.

Se viu perdida em melodias,acordes e olhares.Palavras,parágrafos e pontos finais.

Não podia mais ignorar toda aquela mistura de sensações que tanto a atormentavam.

Tantos pontos finais a interrogavam a respeito da continuação do enredo.Tantas despedidas,tantos recomeços,tantas palavras não ditas,tantas cartas não enviadas...

Sentia falta da certeza e da coragem.Da certeza e da coragem que nunca teve.

Se descobriu mais forte do que se imaginava ser,mas ao mesmo tempo,se viu isolada em um muro que tinha criado em volta de si própria.Um muro que impedia que as pessoas descobrissem quem ela realmente era e quais eram realmente suas fraquezas.O muro era seu conforto.

Precisava demonstrar força e bom humor,mas o sarcasmo sempre esteve presente na maioria de seus discursos.Vestia uma máscara e ia a luta.

Ela já tinha deixado de lado aquela história,ainda não tinha a esquecido,e provavelmente nunca esquecerá.Mas julgava-se forte o suficiente para poder tocar no assunto novamente,de forma séria dessa vez.

Enganou-se.

E no final,se viu presa ao sabor de um amor proibido e em xeque com os mesmos conflitos já tão costumeiros.

Não tinha resolvido o problema,pelo contrário,tinha começado outro.

Se deixou afogar pelos oceanos daquele olhar,pela segurança daquele abraço e pela alegria daquele sorriso. Se viu entorpecida pela presença.

E a falta de repente parecia um grande abismo.

Seus textos já não tinham mais nexo algum,coisa que também acontecia com seus pensamentos.

Queria os abraços de volta
Queria de volta a presença
Os amigos queria de volta
Queria de volta os momentos
Queria o tempo de volta.

Ao pirata.

 E então ele disse a ela que o que ele mais queria era mudar a vida de alguém e que para isso,abandonou tudo e virou professor.
 Aquelas não eram apenas aulas,assim,simplesmente.A cada dia ele contava com entusiasmo as aventuras pelas quais tinha passado.Dizia ser um amante da vida e que dor do arrependimento por algo não feito era uma das piores e que por isso,aproveitava ao máximo cada segundo.
 Ela se identificava bastante com ele,talvez sem tanta coragem,mas os dois tinham o mesmo modo de ver a vida.
 Ele tocava guitarra,tinha cabelos compridos e a barba por fazer,cursava Psicologia e não era lá muito normal.
 Ele dizia exatamente o que ela precisava ouvir,o que não significa que aquilo era o que ela gostaria de ouvir,aquilo tudo era mais como um soco no estômago do que como forma de consolo,mas alguém precisava jogar algumas verdades na cara dela.E foi justamente isso o que ele fez.Indagou,questionou,provocou e a fez pensar se aquilo tudo não tinha sido na verdade,mais um ato de covardia do que falta de opção.

-Muito provavelmente ele nunca lerá esse texto,mas é a única forma que eu encontrei para dizer "obrigada".

Então tudo o que resta são os pingos da chuva na janela e uma vontade enorme de estar em casa

-tudo está se repetindo.

Uma conversa e um vestido azul.

Os acontecimentos obedecem a mesma ordem daquele dia e isso me leva a crer que talvez essa história acabe bem.

Cheguei a conclusão de que a dança talvez seja como um amor não correspondido.Amor,ódio e intensidade.

"E de repente só é possível ouvir o apitar de um relógio e mais nada.

Começou 2010."